Uma praga digital brasileira atua manipulando a "linha digitável"
(código numérico) dos boletos bancários acessados na web para desviar
pagamentos a outras contas bancárias. A técnica foi identificada em um
uso e publicada por uma análise do site de segurança "Linha Defensiva"
desta segunda-feira (15), mas o vírus já está em circulação há três
semanas.
Ao acessar um boleto on-line, em qualquer site, a praga identifica o
boleto e altera a linha digitável para desviar a agência e conta do
cedente para uma conta determinada pelo vírus. Nos bastidores, o código
se comunica com um servidor de controle que fornece as instruções de
substituição ao programa.
Os boletos modificados apresentam algumas inconsistências, como o logo
do banco e o número do banco no boleto, que não conferem. Para impedir a
vítima de usar o código de barras, o vírus insere um espaço em branco
no meio do código, o que fará com que leitores de código de barra acusem
erro.
Caso a vítima pague o boleto usando a linha digitável, o valor irá para
a conta determinada pelo vírus. O valor e o vencimento do documento não
são alterados, diminuindo as chances de o problema ser percebido.
De acordo com a "Linha Defensiva", a técnica cria a possibilidade de
atingir mesmo quem não faz uso do internet banking, mas realiza compras
pela internet ou imprime a segunda via de boletos.
Além de manipular boletos, a praga também é capaz de capturar senhas de
serviços on-line, como contas Microsoft e no Facebook. Segundo a "Linha
Defensiva", o código emprega técnicas que tentam dificultar a análise
da praga digital, mas a maioria dos antivírus já consegue detectá-la.
Funcionamento básico do vírus
Ao ser iniciado, o vírus tenta localizar a presença de softwares de
segurança dos bancos e removê-los do computador. Ele também desabilita o
firewall do Windows e copia a si mesmo com um nome aleatório e
configura o Windows para iniciar esse arquivo junto com o sistema.
Além da capacidade de manipular boletos, o vírus traz ainda recursos
de captura de senha do Facebook e Hotmail. Essas contas podem ser usadas
para disseminar outras pragas digitais futuramente.
A praga fica em constante contato com um servidor de controle, que
armazena informações sobre cada computador infectado, entre elas o
endereço IP, o nome do computador e a localização geográfica.
A Linha Defensiva recebeu duas amostras de vírus com
esse comportamento. Uma delas tem pouco mais de 400 KB de tamanho, e a
outra cerca de 500 KB.
A praga também possui funções que demonstram a tentativa de evitar a
análise do código e não entra em operação imediatamente após ser
executada, o que pode burlar alguns sistemas automáticos de análise de
comportamento.
Detectando o golpe
Por limitações do vírus, é possível identificar o golpe de algumas formas:
- As linhas digitáveis dos boletos serão sempre parecidas
- O código de barras terá um “buraco” branco e será inválido
- O logo do banco não será sempre idêntico ao número do banco presente na linha digitável
Uma versão avançada desse vírus poderia resolver todos esses
problemas. Ou seja, o vírus ainda não adquiriu sofisticação plena, mas
novas versões do programa podem aperfeiçoá-lo e corrigir essas
limitações. Assim, o ataque seria bastante difícil de ser detectado.
O ataque é especialmente notório por conseguir “pular” para o mundo
off-line, prejudicando mesmo aqueles que não utilizam internet banking,
mas fazem, por exemplo, impressão de segunda via de boletos pela
internet.
Em circulação há pelo menos três semanas segundo o VirusTotal, as
taxas de detecção são boas, embora o funcionamento do golpe não tenha
sido divulgado por nenhuma empresa antivírus.
Fonte: Linha defensiva/Rondonoticias
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