O pessoal que usa a internet sabe: essa semana foi tensa! Vários sites importantes, na maioria do Governo Federal, foram tirados do ar à força, vítimas de sabotagem. Para fazer seus ataques, os piratas da rede invadem milhares e milhares de computadores. E atenção: pode ser qualquer computador, até aqueles que a gente usa em casa, ou na lanhouse.
Um por um, os alvos foram caindo. Presidência da República, Senado, Ministério do Esporte, Ministério da Cultura. Foi o maior ataque de hackers - os piratas da internet - que já houve no Brasil. Sites do governo federal fora do ar. O da Petrobras não chegou a cair - mas ficou mais lento. No do IBGE, o instituto que faz o censo, e tem informações detalhadas sobre todos os brasileiros, os hackers fizeram uma pichação virtual. Todos os órgãos atacados garantem: seus sites não chegaram a ser invadidos. Nada confidencial teria sido roubado, nem apagado.
Quando a gente ouve falar de um ataque como esse, violento, que envolveu computadores até de outros países, a gente imagina um sistema sofisticado, com computadores poderosos, chamados servidores. Mas na verdade, não é bem isso. Esses ataques são tão perigosos porque eles usam computadores simples do tipo que as pessoas têm em casa. Os ataques desta semana são pura força bruta. O nome técnico é negação de serviço. O pirata, ou hacker, dispara o ataque injetando vírus em milhares de computadores. E estes infectam mais computadores ainda. Pode ser por e-mail, ou mesmo por uma memória portátil, os chamados pen-drives. Está formado um exército de computadores-zumbis. Sob as ordens do hacker, esse exército dispara uma quantidade enorme de acessos simultâneos a uma página da internet. O site não dá conta, e sai do ar.
Mas como saber se o seu computador virou zumbi? “Você pode ter alguns sintomas como a conexão mais lenta ou o próprio computador mais lento”, explica o especialista em segurança digital Rafael Ferreira. “Na hora em que você encerrar o computador, quando vai desligá-lo, a tela mostra que tem um monte de atividades acontecendo em paralelo que não eram as que você estava solicitando. Isso pode indicar que o computador está sendo usado”, alerta a especialista em direito digital Patricia Peck Pinheiro.
Qualquer computador, de qualquer pessoa, em qualquer casa, está sujeito a esse risco. A pergunta é: dá para se defender? “O cidadão tem que pensar: em casa, é porta fechada. Porta fechada é: minha máquina tem que estar desligada e desconectada da internet quando eu não estiver usando. Hoje em dia, até o nosso celular, se você não estiver fazendo uso de algum dispositivo, é bom deixar desabilitado”, esclarece Patricia.
“O ideal é que você tenha ferramentas de segurança para proteger o seu computador”, alerta Rafael. Use sempre antivírus e uma outra proteção chamada Firewall. “O Firewall é um filtro de pacote que fica entre o seu sistema e a internet, que vai controlar essa conexão de um atacante tomar posse da sua máquina. A pessoa instala no próprio sistema que ela utiliza. Na internet tem algumas versões gratuitas”, indica Rafael.
Cuidado especial com os sites de baixar de graça músicas, filmes e compartilhar arquivos. Esses lugares normalmente são usados como ratoeira para que você possa entrar no equipamento da pessoa. E se você estiver numa lanhouse, usando um computador público, muita atenção.
“Primeiro utilizar conexões seguras, que é quando aparece o cadeadinho no navegador. Você garante que os seus dados estão trafegando de maneira segura”, afirma Rafael. “Evitar usar esse tipo de equipamento para transação. Claro que senha de banco, senha de cartão de crédito, fazer uma compra nesse tipo de ambiente gera mais risco”, alerta Patrícia.
Evite também senhas óbvias. “O ideal é que sejam senhas complicadas de se adivinhar e que não façam nenhuma relação a sua pessoa”, avisa Rafael. Previna-se para que seu computador não vire um zumbi a serviço do mal.
Reportagem feita pelo Fantástico no dia 26/06/2011: www.globo.com/fantastico